terça-feira, 29 de março de 2011

O inventor do cicloturismo

Paul de Vivie nasceu em meados do século XIX em França e cabe-lhe a honra de ser o inventor do sistema de multi-mudanças traseiro para bicicletas. A sua primeira bicicleta foi uma Penny Farthing. Em 1889 ele fez uma bicicleta de sua autoria, chamada de La Gauloise. Foi fundador da revista “Le cycliste”, inventou o termo “cicloturismo” e fundou o primeiro clube de cicloturismo em França, sendo um dos patronos na criação de provas de longa distância não competitivas. O amor pela bicicleta foi eterno, tendo inclusive repercussões na sua actividade profissional. Com o apelido de “Vélocio”, traduzindo uma mistura de bicicleta com velocidade. O seu sistema de mudanças, foi uma novidade enorme para a época, e foi em 1906, que a sua produção teve início, mas sem muita aceitação, inclusive pelos organizadores do Tour. Esta novidade era vista como uma coisa para velhos, mulheres ou inválidos. Mas hoje em dia, é precisamente o contrário.


Nomeadamente os mandamentos para os cicloturistas são da sua autoria e bastante presentes, e são eles:


1. Para não perder o ritmo, deve-se parar poucas vezes e por breves momentos;


2. Comer antes de ter fome e beber antes de ter sede, de forma frequente em poucas quantidades;


3. Não pedalar até alcançar a fadiga anormal, faz perder a fome e o sono;


4. Abrigar-se antes de ter frio e despir-se antes de sentir calor. Não ter medo de enfrentar o ar e a água,


5. Durante o percurso, elimine a carne, o álcool e o tabaco;


6. Nunca ultrapassar os limites da tua capacidade, especialmente nas primeiras horas quando parecemos ter “gás”;


7. Nunca pedale sem amor-próprio.


Uma das suas melhores observações sobre a bicicleta:


“A bicicleta não é apenas uma ferramenta de transporte, mas um meio de emancipação, uma arma de libertação. Liberta o espírito e o corpo das inquietudes morais, do dia a dia e das doenças físicas do mundo moderno, da ostentação, da convenção e da hipocrisia onde a aparência é tudo, mas não somos nada”.

Ou então:

Após um longo dia na minha bicicleta, eu sinto-me renovado, limpo e purificado. Eu sinto que estabeleci contacto com a natureza e que estou em paz. Há dias que me sinto impregnado de uma profunda gratidão à minha bicicleta. Mesmo que não me apeteça andar, faço-o para a minha paz de espírito. É um tónico maravilhoso apesar de por vezes ser exposto à luz solar intensa, chuva torrencial, sufocar de poeira, nevoeiro, ar frio e ser punido pelos ventos! Eu nunca vou esquecer o dia em que escalei a Maria Puy. Havia dois de nós num belo dia em Maio, começámos ao sol e em tronco nu. A meio do caminho, as nuvens envolvera-nos e a temperatura caiu. Gradualmente, ficou mais frio e húmido, mas não nos apercebemos disso. Na verdade, o frio aumentou o nosso prazer e não me preocupei em vestir os casacos ou capas, e chegámos ao hotel encharcados pela chuva mas com o suor escorrendo pelo nosso corpo. Eu vibrava de cima para baixo.”

Difere muito do que sentimos?

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